terça-feira, 21 de maio de 2013

Sobre cegueira e cabides

          Uma pequena violação dos termos me levou a concluir que nossos deslizes passaram a se assemelhar quando chegamos juntos à beira da encosta. A cegueira foi tanta que, dessa vez, até mesmo os deuses pararam para aplaudir tamanha tolice. Mas tudo bem, a turbulência passou, o avião continua em pleno voo e a comissária de bordo lhe oferece um cafezinho - "senhor, açúcar ou adoçante?". 
        Na pressa, guardamos na mala alguns quilos de meias e cabides e esquecemo-nos dos casacos. Faz frio lá fora e só o que temos para dispersar o gelado que sobe pela espinha somos nós mesmos e uma xícara de café. É suficiente.
          É suficiente porque nenhum casaco do mundo seria tão eficaz na tarefa de me aquecer quanto as suas palavras de fim de noite. É suficiente porque, com todas essas metáforas e dilemas pendurados em nossos olhos, o cabide acabará nos sendo útil. É suficiente pura e simplesmente por sermos apenas eu e você, como sempre foi. Será.
          É.

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