terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Sobre adiamentos e magnetismo

          Algum dia encontrarei palavras para iniciar um primeiro capítulo daquilo que ensaio há tanto tempo, mas não hoje. Hoje vou sentar e escrever sobre a mesma coisa de sempre, vou manchar um caderno com discursos diretos e impulsos secretos. Permito-me adiar por mais um tempo essa missão, permito-me provar desta euforia que é mergulhar uma vez mais no conhecido prazer de dissecar os ímpetos. Escrevo. Há uma corrente magnética que me põe do avesso e expõe meu âmago para o mundo, para ser entregue aos tapas, para ser entregue à vida agitada de uma cidade que acomoda lembranças atemporais. Escrevo uma vez mais sobre lembranças porque é disso que meu ser é feito, é disso que minha existência descende. Hoje vou sentar e escrever sobre como sonho com uma ideia que ainda nem mesmo chegou ao papel. Vou sentar e escrever sobre caminhos já percorridos, sobre recomeços e entranhas expostas. Algum dia encontrarei palavras para apresentar ao mundo minhas intenções viscerais, mas não hoje.
           Hoje eu vou apenas sentar e escrever.

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