terça-feira, 23 de abril de 2013

Epitáfios

          Ela é linda, atraente, extrovertida, já viajou pelo mundo, foi matéria de jornal, inspiração dos artistas, fala fluentemente inglês, alemão, latim e francês. É inteligente, misteriosa e influente. Ora está em paz, ora lança um tiro de canhão. Aniquilou os fracos, exterminou inocentes e reduziu a pó milhares de crianças. Há os que acreditam que ela age em prol de causas nobres, mas conheço histórias que confirmam justamente o contrário. Ela recruta seus homens e, em suas mentes, infiltra ideias errôneas a respeito de seus semelhantes, até que matem uns aos outros. Até que se matem todos. Até que seu nome se revele: Guerra.
           Sob a terra estão os corpos que a destemida levou. Sobre seus túmulos estão as palavras mais  otimistas e absurdas possíveis. Epitáfios e flores lotam o gramado que a natureza acabou de regar. E, sobre as flores, choram as famílias dos soldados. Mal sabem elas - as flores - que as lágrimas dos desafortunados serão a última coisa que poderão beber antes que a natureza castigue o mundo pelas atrocidades cometidas sob a influência de Guerra, a dama que converte, atrai e convence. Será a seca mais entorpecente da história, e todas as armas estarão jogadas ao chão em menos de 3 dias, porque nem a própria natureza suporta assistir ao espetáculo da Guerra. E, no fim, aqueles que de tanto chorar hão de se afogar, acabarão salvos.

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